cultura gastronômica

A cultura gastronômica do bife mais famoso

Esses dias eu, sem querer, vi um vídeo do chef francês Claude Troisgros no qual ele ensinava um adolescente a fazer o Bife Wellington. Claro que eu assisti o passo a passo todo e o meu apetite abriu na hora! Mas uma curiosidade surgiu: por que esse prato recebe o nome de Wellington? Quem foi Wellington? O que ele fez? É uma figura importante? E lá fui eu matar a minha curiosidade.

Origem do prato

Arthur Wellesley, primeiro duque de Wellington

Para início de conversa, ou leitura, a origem do prato é incerta e não se sabe se é francesa, inglesa ou irlandesa. Pude encontrar um melhor aprofundamento informativo em The Food Timeline, além de receitas datadas em ordem cronológica através de uma linha do tempo e várias versões que recebem o mesmo nome. Tudo indica que existe uma contenção histórica a respeito da origem do Bife Wellington, entretanto, os historiadores apontam que o nome foi dado em homenagem a Arthur Wellesley, primeiro duque de Wellington - marechal e político britânico (foi duas vezes primeiro-ministro do Reino Unido).  Durante o Governo dos Cem Dias em 1815, ele derrotou Napoleão Bonaparte na batalha de Waterloo. De acordo com o site, não há menção sobre o prato nos receituários britânicos ou franceses da época, contudo nos anos de 1940 aparecem as receitas nos livros americanos, incluindo uma versão/adaptação de Frango Wellington a partir da década de 1970.

A princípio a massa que envolvia a carne era uma mistura de farinha com água e que quando assada não dourava, um costume culinário da época. Tempo depois, a mesma passou a ser folhada e dourada, acrescentaram uma camada de trufas e patê de fígado de ganso (foie gras). Na França é conhecido como Boeuf en Croute, tradição de carne cozida em massa, e que talvez sua origem tenha ocorrido no lado oeste do lado leste do Canal da Mancha.

Há quem diga que a origem é irlandesa. Theodora Fitz Gibbon apontou a receita como tradicional do país através da grafia Steig Wellington (ou Wellignton Steak) e o prato foi considerado um dos favoritos do Duque de Wellington, seguindo a mesma receita de carne mal passada e massa folhada.

Da Europa para a América

Nos Estados Unidos, a sua popularidade ocorre a partir do anos 60 quando as pessoas começaram a se aventurar na cozinha e, em um clima de competição, os jantares se tornaram mais elaborados de acordo com a dificuldade de executar diversas receitas, entre elas o Bife Wellington que era considerado um prato caro e muito difícil de fazer, pois tinha todo o preparo da massa folhada e despesas com os ingredientes. Entretanto com a praticidade da massa folhada pré preparada e os patês enlatados, a receita ficou mais econômica e de fácil execução doméstica.

Como tudo o que ele faz é uma marrrravilha, aqui está o vídeo para assistir a receita feita pelo queridíssimo chef Claude Troisgros.

Enfim, o corte de carne bovina em Portugal é diferente e se eu fosse preparar na minha cozinha, certamente faria as adaptações pertinentes não só por questões práticas como também financeiras. Receitas e opções não faltam, basta ajustar ao que temos vontades de comer.

E a harmonização, como fica?

Bem, via de regra, carne vermelha acompanha vinho tinto. Uma combinação boa são os de Bordeaux que possuem tanino, acidez e fruta bem equilibrados. Tudo vai depender do modo de preparo da sua carne. Se ela estiver bem temperada e apimentada, opte pelos tintos jovens onde as frutas estão mais evidentes e que dão o contraponto com a pimenta. Caso a sua receita tenha pouca pimenta, pode se aventurar nos mais encorpados com características evoluídas (por tempo de garrafa) que harmonizam com os cogumelos e defumados.  

Deu fome, não deu? Se anima ir para cozinha e preparar o BW?

Imagem: Temperos de Cinema