páscoa é pagã, cristã ou judaica
 

O significado de Páscoa no dicionário é: 

substantivo feminino, 

1. período pré-mosaico, festa dos pastores nômades pela chegada da primavera.

2. Pessach, festa judaica que comemora a fuga dos hebreu do Egito - aniversário do êxodo.

 

A relação religiosa...

Calendário lunar

A Páscoa é uma festa móvel, ou seja, no Primeiro Concílio de Niceia, 325 d.C., foi estabelecido que sua data seria no primeiro domingo depois da lua cheia após o equinócio vernal (equinócio da primavera no hemisfério norte e o de outono no hemisfério sul). 

Mas então a Páscoa é pautada por um calendário lunar? Qual a relação com o Cristianismo? 

Cristo era judeu e o calendário era o judaico, ou seja, do tipo lunissolar cujos meses são baseados nos ciclos da Lua e o ano no ciclo do Sol. O cristianismo só passou a ser uma religião muito tempo depois da ascendência de Cristo e por isso que muitas datas estão ligadas às comemorações judaicas, como é o caso da Páscoa e Pessach

Religião

É a principal celebração cristã. A Páscoa, ou Domingo de Ressurreição, é um feriado religioso que marca a ressurreição de Jesus três dias após ser crucificado, segundo o Novo Testamento. O período de quarenta dias em jejum, orações e penitências, a Quaresma, é finalizado no domingo de Páscoa que marca o apogeu da Paixão de Cristo. 

A Páscoa Judaica, Pessach, é celebrada pela libertação dos hebreus da escravidão egípcia e ocorreu próximo ao início da primavera. Pessach e a Páscoa Cristã estão ligadas pelas datas, pois, de acordo com a Bíblia, a Última Ceia era uma refeição de Páscoa Judaica.  

O coelho

Acreditava-se que a lebre tinha laços místicos com o ciclo feminino e com a lua que a governava. Porém dentro da religião abraâmica (religiões monoteístas cuja origem comum é reconhecida em Abraão: cristianismo, judaísmo e islamismo) o símbolo das Três Lebres aparece frequentemente. Para o cristianismo, elas estão associadas com a Virgem Maria como redenção da humanidade, pois, na antiguidade, havia a crença da lebre ser hermafrodita e conseguir gerar um novo ser sem perder a virgindade.

Os ovos

Os ovos da páscoa Cristã vêm do Judaísmo, que, por sua vez, tem a ver com o Seder (serviço ritual e jantar cerimonial da primeira noite ou das duas primeiras noites do Pessach). Neste momento o ovo representa vários significados:

Como oração: de acordo com o Talmud, livros sagrados dos judeus que estão registradas as discussões rabínicas sobre lei, ética, costumes e a própria história do judaísmo, mostra o costume de servir dois pratos: um o zero’a (geralmente um pata de carneiro ou asa de frango) para corresponder ao Korban Pessach (sacrifício de páscoa) porque a palavra zero’a significa literalmente “braço”, aludindo ao versículo que diz: “Eu te redimirei com um braço estendido…”; e o outro, o ovo, correspondente ao Korban Chagigah. Em aramaico, o ovo é chamado bey’a, que também significa “orar” ou “por favor”. Assim, os alimentos silenciosamente suplicam: “que agrade ao clemente D’us para nos redimir com um braço estendido”.

Como luto: a forma arredondada do ovo simboliza o ciclo da vida e expressa o luto pela destruição do Templo Sagrado e a falta dos sacrifícios. Também significa a morte da Abraão na noite de Páscoa e o ovo é comido para chorar a sua passagem.

Não pagão: antigos egípcios tinham crenças religiosas que os impediam de consumir carne, peixe ou ovos nesta época. Na noite em que os judeus celebravam a retirada da escravidão egípcia, eles se certificavam de ter carne e ovos no prato do Seder, mostrando que não estavam vinculados às crenças pagãs.

Esperança no futuro: também simboliza a esperança e oração para o futuro. Quando uma galinha põe um ovo, o ovo parece ser um objeto completo, porém é apenas uma preparação para a criatura viva que emergirá mais tarde. Assim também o Êxodo do Egito, embora ao princípio parecer ser um fim, na verdade é apenas uma preparação para a Redenção Final, com a vinda de Messias (figura salvadora e libertadora, cujo papel é restaurar o judaísmo através dos 613 mandamentos por meio da construção do Templo em Jerusalém e, em seguida, reunir o povo judeu na Terra de Israel).

No Cristianismo, há a relação dos ovos pintados com Maria Madalena e o Ovo Vermelho. A história diz que Maria Madalena queria denunciar, para Tibério César, imperador de Roma, o crime cometido pela negligência de Pilatos, e para isso contou-lhe a vida de Cristo, Sua morte e Ressurreição, representando através de um ovo branco que havia à sua frente. Ao ver isso, César replicou que era mais fácil um ovo branco se tornar vermelho do que existir alguém que retornou dos mortos. No mesmo instante, o ovo nas mãos de Maria se tornou vermelho como sangue.

Os elementos Pagãos

Muitas festas cristãs e datas religiosas possuem origens pagãs, mas deixando claro que a Páscoa Cristã está relacionada ao Pessach e não ao paganismo. Os pagãos celebram o equinócio da primavera com a lua cheíssima no céu. As duas páscoas, judaica e cristã, celebram APÓS o equinócio, entretanto possui simbologia pagã por serem celebrações muito próximas.

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A Deusa da fertilidade

Na mitologia anglo-saxã, germânica e nórdica, Ostara ou Eostern é a Deusa da fertilidade, amor e renascimento. No paganismo, Ostara também é o primeiro dia da primavera que marca a volta do sol e uma época do ano em que dia e noite têm a mesma duração depois do inverno.

Para alguns historiadores, a palavra páscoa possui semelhança tanto em inglês, Easter, quanto em alemão, Ostern, e acreditam que sua origem está baseada nessa Deusa. Consegue perceber a correspondência dos nomes? Easter com Eostern e Ostern com Ostara. O nome também deriva do hormônio feminino (estrogênio) e da palavra cio (estrum).

As festas (rituais) que aconteciam entre povos germânicos e celtas para a Deusa eram realizadas na mesma época da festa cristã. Com a cristianização desses povos, a tradicional festa pagã misturou-se com a comemoração cristã. O mesmo vale para os ovos (que eram pintados, bem coloridos), o coelho e flores, símbolos de fertilidade que faziam parte dos rituais e oferendas para a Deusa Ostara no equinócio de primavera a fim de que houvesse prosperidade, sorte e fertilidade humana e na natureza. Durante os festivais, pães assados em formato de coelho também eram oferecidos à Deusa para garantir a fertilidade dos seres humanos e o nascimento consagrado de suas futuras gerações. A tradição de enfeitar e esconder os ovos foi levada para o continente americano, no século XVIII, pelos imigrantes alemães.

Assim, o nome da Deusa e também toda a simbologia das festividades ao seu redor foram incorporados pelo cristianismo, coexistindo com a celebração principal que retira Ostara e coloca Cristo no centro.

A simbologia com ovo na Páscoa se consolidou entre o século XVII e XVIII, passando a comunidade cristã benzer os ovos. Mas como muitas pessoas fazem jejum de carne na época da Quaresma, outras não comiam nenhum derivado dos animais. Desde então surgiu o ovo de chocolate, que na época era somente cacau e água. A partir do século XIX, a Inglaterra passou a fabricar os ovos de chocolate e a tal tradição disseminou mundo afora.

Gastronomia típica

Mas como escrever um post desse e não falar dos pratos típicos pascais de vários países? Vamos matar a curiosidade:

1. Itália: Gubana - pão doce com recheio de nozes, passas, chocolate e vinho.

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2. França: o cordeiro é servido como prato principal na Páscoa.
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3. Holanda: Advocaat - tradicional sobremesa de creme de gemas de ovo, brandy e açúcar. 
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4. México: Capirotada - pudim de pão com canela, nozes, frutos secos (ou frescos) e queijo envelhecido. A tradição fala para consumir na Quaresma.
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5. Argentina: Torta Pascualina - torta de espinafre com ovos inteiros. Também consumidos na Quaresma por causa dos hábitos alimentares religiosos de não comer carne (consegue ver a relação com o simbolismo do ovo?).

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6. Espanha: Hornazo - pão recheado de salsicha e ovo.

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7. Jamaica: Coque - pão tipo bolo quente que pode ser feito com banana, canela e frutos secos.

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8. Finlândia: Mämmi - tipo pudim feito com água, farinha de centeio, malte em pó, melaço escuro, sal e raspas de laranja. Possui textura cremosa e é servido com açúcar polvilhado.

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9. Grécia: Tsoureki - pão doce que leva ovos inteiros e tingidos de vermelhos, simbolizando o sangue de Cristo. Os ovos são colocados crus sobre o pão e cozinham no forno enquanto a massa fica dourada.

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10. Ucrânia: Babka - um pão-bolo, quando assado, fica alto e dourado. É servido com um creme por cima.

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11. Chipre: Flaounes - pão doce com sultanas (uva passa), hortelã, e queijo.

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12. Rússia: Kulich - parece um panetone só pela forma alta e cilíndrica, mas não é. Depois de assado é adoçado com mel e passas.

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13. Alemanha: Schinken im Brotteig - pão recheado com um presunto inteiro.

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14. Portugal: Bacalhau à Gomes de Sá - além do peixe, batata, ovos, cebolas e azeitonas.

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15. África do Sul: Cape Malay - peixe com bastante molho à base de especiarias e vinagre.

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16. Líbano: Ma'amoul - tradicionalíssimo doce recheado com tâmaras ou frutos secos.

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17. Reino Unido: Pão Cruz - pão doce com canela, passas ou groselhas. A cruz na parte superior simboliza a cruz em que Cristo morreu. 

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18. Estados Unidos: Presunto de Páscoa - assado até ficar dourado e servido com vários acompanhamentos.

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Então, a Páscoa é isso: renascimento, prosperidade, fertilidade, dia de ir para a cozinha e comilança! A nossa foi tranquila. O almoço foi servido salada de folhas verdes com manga fatiada de entrada, merluza com batatas gratinados ao forno como prato principal, e biscoito wafer de avelã da marca do supermercado com café fresquinho como sobremesa (pode rir!). Mesmo sem o vinho para acompanhar, tudo estava de-li-ci-o-so!

Dica para a próxima leitura: Alcachofra e seus benefícios 

 

Fontes: História do Mundo , We Mystic , Dez Mil Nomes , G1 e Segredos do Mundo estão misturadas no corpo do texto. Imagens: banco de imagens Google.