Observação: Escrevi este artigo para a Revista Vitae em novembro de 2021. Por qualquer motivo, em 2023, a revista já não se encontra mais online, então, para não perder o conteúdo e manter meu portfólio (salvo em PDF),postei aqui. Qualquer dúvida, por gentileza, entre em contacto. Boa leitura!
Este é um dos lugares mais encantadores que pude conhecer: a Vila Medieval de Óbidos (localizada em Estremadura, distrito de Leiria). Estive lá em 2018 e eles estavam preparando a Festa Medieval.
Fiquei extasiada com a história e património, com cada cantinho pitoresco, com os residentes tão amáveis, com a pastelaria típica, enfim, é um conjunto de descobertas que mostra o quanto Portugal é surpreendente!
Há uma afetividade neorromântica dentro das muralhas que levam o visitante à Idade Média, mostrando a temporalidade nas fachadas brancas, nas ruas sinuosas e o ambiente lendário totalmente medieval.
Em 2007, o concurso 7 Maravilhas de Portugal declarou, em segundo lugar, o Castelo de Óbidos como um dos monumentos mais notáveis do património português.
Em 2015, Óbidos foi considerada cidade literária pela UNESCO devido ao programa Rede de Cidades Criativas.
Origem da Vila
Estudos arqueológicos apontam em ordem cronológica os seguintes pontos:
308 a.C.: os Celtas fundaram a vila.
Século I: foi conquistada pelos Romanos.
Séculos V e VI: foi ocupada pelos Visigodos.
Século VIII: os Mouros ocuparam a vila.
1148: a 11 de janeiro, Óbidos foi conquistada pelo rei D. Afonso Henriques e cedida aos Templários, que idealizaram um pentágono defensivo, constituído por cinco castelos, e o de Óbidos era um deles. Ah, 11 de janeiro é feriado municipal!
Entre 1282 e 1834: a vila era parte do dote de todas as rainhas portuguesas porque o Rei D. Dinis, em 1282, como presente de casamento, entregou a vila à sua esposa Santa Isabel. Desde então, todas as rainhas que ali estiveram deixaram benfeitorias na vila, como por exemplo, o aqueduto, requalificações urbanas, principalmente na arquitetura, chafarizes e reformas administrativas. E foi assim, durante as Idades Média e Moderna, que Óbidos prosperou.
1755: o terremoto destruiu edifícios, templos e partes da muralha, reconfigurando o seu traçado perimetral.
1808: a Batalha da Roliça teve início em Óbidos devido à invasão dos franceses, onde também Napoleão teve a primeira derrota da Guerra Peninsular.
Entre 1910 e 1950: a muralha foi reconstruída com uma configuração diferente do perímetro inicial.
1974: a Vila de Óbidos também ficou associada ao heroico e corajoso movimento dos capitães porque recepcionou a reunião preliminar da Revolta do 25 de abril.
1994: escavações arqueológicas revelaram que ali havia uma cidade romana com o nome de Eburobrittium.
Descobrindo a Vila
Como todo castelo que se preze, este também fica no alto. Se você for de carro, vai percorrer uma estrada sinuosa, subindo sempre (como já dizia Superman: para o alto e avante!).
Assim que estacionar, preste atenção na vista, aprecie a paisagem e contemple a natureza: é ímpar!
Aliás, é o que eu aconselho a fazer durante toda a caminhada pela extensão da muralha: a vista é magnífica tanto para o lado de dentro quanto para o de fora da vila.
As ruas são labirintos que te flagram com belezas, em cada curva uma surpresa. E o comércio da vila? Charme puro!
A arquitetura abrange os períodos manuelino, gótico, barroco e românico e as flores coloridas por todos os lados são contrastadas com as fachadas brancas.
Se decidir parar para tomar um café, certamente encontrará a proprietária confecionando o pão doce (que passa por 5 horas de fermentação e possui um prazo de validade de 6 meses).
E o licor de Ginjinha de Óbidos? É uma bebida típica e tradicional que deve ser degustada no copinho de chocolate – este que também é produzido na região.
Você vai encontrar várias lojas especializadas em chocolate (não é à toa que eles possuem o Festival Internacional do Chocolate). É uma experiência curiosa e gostosa, acredite!
Onde ficar
É possível encontrar na internet pousadas, hotéis, hostels, locação de casas ou quartos em casas de família na Vila de Óbidos.
Quando eu fui, optei por um hotel mais em conta e com pequeno-almoço incluído na diária nas Caldas da Rainha, uma cidade vizinha a Óbidos e que fica a 7 km de distância do castelo. Acredito que a estadia dentro da vila seja mais cara, mas se estiver de carro, vale a pena!
Assim que eu cheguei a Óbidos e contemplei toda a sua magnitude, assumi o compromisso comigo mesma de me deixar levar pelo inédito. Ou seja, pela história, pela cultura, pela troca de energia e experiência com cada residente que conheci e conversei, pelo clima romântico medieval, pela simpatia das pessoas, pela paz de espírito e tranquilidade.
Seja em qualquer data do ano, não deixe de conhecer Óbidos, pois a cidade oferece diversas rotas turísticas como percursos pedestres, visitas guiadas em circuitos temáticos, museus, entre outros.
Óbidos é totalmente voltado para a preservação da cultura, da identidade e pertença, e do patrimônio. Não canso de repetir: TODA cidade portuguesa possui riqueza histórica ímpar, cada uma tem algo peculiar para mostrar e contar.
Talvez seja por isso que conhecer Portugal se torna instigante, a sua cultura é explorável na gastronomia, no vinho, nas artes, na literatura, nas pessoas… em cada canto, um conto. Em cada lugar, várias (e gratas) surpresas, entre elas Óbidos.
Para saber mais sobre o turismo em Óbidos, clique aqui.
Observação: Escrevi este artigo para a Revista Vitae em novembro de 2021. Por qualquer motivo, em 2023, a revista já não se encontra mais online, então, para não perder o conteúdo e manter meu portfólio (salvo em PDF),postei aqui. Qualquer dúvida, por gentileza, entre em contacto. Boa leitura!
Quem aqui adora as borbulhas, levanta a mão!
Eu levanto os braços, as pernas, o corpo inteiro! Adoro essas borbulhas que repinicam a ponta do nariz e enchem o céu da boca de um espumante geladinho e encorpado. Quando harmonizado com a comida, então!, é de saborear e chorará por mais.
Roberta, o assunto de hoje é sobre espumante?
Sim, senhores! Espumante é vida, é felicidade, é celebração, é chique, é seco, meio-seco e doce, é vinho. Mas vocês sabem como surgiu esta bebida ‘glamourosa’?
Champagne ou champanhe?
Fonte: eniwine.com
Primeiro de tudo, Champagne é o nome da província francesa situada no nordeste do país, além de ser o nome do espumante produzido na região com Apelação de Origem Controlada (AOC).
Por isso, engana-se quem pensa que todo espumante é “champanhe”, mas todo Champagne é um espumante. A diferença na grafia é que a pronúncia da palavra de origem francesa tem o som de nh e nada mais é do que a forma ‘aportuguesada’ de escrever, entretanto ambas se referem à mesma palavra.
Então, para não cometer gafes: se o espumante não for da região de Champagne não é champanhe, diga espumante ok?
Como tudo começou…
Fonte: carpemundi.com.br
Para onde os romanos iam, levavam consigo os próprios vinhos, pois além de saberem tudo sobre a produção enológica, o vinho era a bebida do seu dia a dia. E não foi diferente na conquista de Gália, onde surgiram as primeiras grandes adegas em Champagne.
Aliás, isso aconteceu durante o século IV quando os romanos precisavam de pedras para construir Reims e as retiravam do subsolo, deixando-o como um ‘queijo suíço’ pois a constituição rochosa da região era de giz.
Antes que eu me esqueça: Gália era terra celta na Europa Ocidental e que atualmente abrange os territórios da França, partes da Alemanha e Bélgica e norte da Itália.
No início do século XIII, as cavidades desse ‘queijo suíço’ foram aproveitadas pelos monges beneditinos para envelhecer os vinhos onde cavaram passagens e construíram portas entre as adegas pensando na acessibilidade ao local.
Dom Perignón e Veuve Clicquot marcaram a história vínica! Fonte: www.aspectosdovinho.com
Dentre os contributos para a viticultura e a enologia, Dom Pérignon, monge beneditino da Abadia de Hautvillers (produtora de vinhos da região), desenvolveu duas técnicas durante o processo de vinificação:
a primeira é a assemblage, ele misturou vários tipos de uvas resultando em vinhos mais equilibrados e aromáticos;
a segunda é a blanc de noir, ele descobriu que se as películas das uvas fossem retiradas rapidamente, era possível fazer vinho branco a partir de castas tintas.
Os franceses atribuíram a Dom Pérignon o título de pai do champagne, porque em 1668, ele solucionou um problema com a segunda fermentação do vinho na garrafa: elas explodiam. Calma, eu explico:
Por causa das baixas temperaturas do inverno o processo de fermentação do vinho era interrompido, as leveduras dormiam durante a estação e só acordavam quando as temperaturas subiam, ou seja, a partir da primavera.
Com a ativação da fermentação, o processo era reiniciado e o gás carbônico derivado desse processo transformava o vinho tranquilo em espumante.
Contudo, essa ocorrência ficou desconhecida até o século XVIII, quando Luís XV permitiu que o vinho fosse transportado em garrafas e descobriram que a pressão do gás carbônico fazia com que as garrafas explodissem, de modo que antes das garrafas a fermentação do vinho acontecia em barris e o gás era dissipado.
Dom Pérignon, a fim de solucionar esse grave problema que trazia prejuízos financeiros aos vinicultores, decidiu colocar as garrafas ‘explosivas’ nas adegas subterrâneas de Reims, em Champagne.
Com menos explosões e num ambiente mais adequado para seus vinhos, Pérignon teve a feliz ideia de abrir as garrafas e constatou que o gás carbônico e as bolhas haviam proporcionado um sabor diferente e com isso, uma nova variedade vínica.
Ele ficou tão surpreso que disse a seguinte frase:
“Venham rápido, irmãos! Estou bebendo estrelas!“ – Dom Pérignon.
Ainda assim, devido aos sedimentos da segunda fermentação na garrafa, era uma bebida de aparência feia, turva e por vezes com aromas desagradáveis até que Madame Barbe-Nicole, viúva de François Clicquot, aprimorou a bebida com novas técnicas de vinificação.
Em 1813, Veuve Clicquot junto com seu mestre adegueiro, criaram um método para separar os sedimentos do líquido: a remuage (girar) e o dégorgement (degolar), ou seja, as garrafas ficavam inclinadas com o gargalo para baixo e, em intervalos regulares, giravam as garrafas para que os sedimentos descolassem do fundo e se acumulassem no gargalo.
Após esse processo, o dégorgement era o método de degolar a garrafa para retirar os resíduos e deixar a bebida límpida, transparente e sensorialmente mais refinada.
Essas técnicas fazem parte do método Champenoise, que se refere a produção de champagne, em Champagne. O mesmo processo para a produção de espumante em outras regiões recebe o nome de Método Tradicional.
Fonte: Revista Adega/vinhonosso.com
Curiosidade
Uma curiosidade que vale ressaltar nessa história toda: seis anos antes de Pérignon resolver o problema das garrafas explosivas, o inglês Christopher Merret, pesquisador, primeiro integrante da biblioteca do Royal College of Physicians (RCP) e membro fundador da Royal Society, apresentou um artigo no qual é descrito um método de vinificação de espumante e a segunda fermentação na garrafa.
Assim como champagne é o nome do espumante produzido em Champagne, há nomes específicos para os espumantes de outros países, por exemplo:
Fonte: Grand Cru
Argentina: Espumoso, Brasil e Portugal: Espumante, Estados Unidos: Sparkling Wine, França: Champagne e Crémant, Espanha: Cava, Alemanha: Sekt, e Itália: Prosecco, Franciacorta e Asti.
Além de Dom Pérignon, celebridades também expressaram a paixão pelo champagne:
Fonte: www.aspectosdovinho.com
“As aventuras amorosas começam no Champagne e terminam na camomila” – Valéry Larbaud (1881 – 1957), francês, escritor e poeta que ao viajar pela Península Ibérica, conheceu as literaturas espanhola e portuguesa e dedicou especial atenção a Eça de Queirós.
“Só pessoas sem imaginação não conseguem encontrar um motivo para beber Champagne” – Oscar Wild (1854 – 1900), irlandês, escritor, poeta e um dos dramaturgos mais populares de Londres em 1890. Hoje ele é lembrado por seus epigramas, peças e livros.
Fonte: www.aspectosdovinho.com
“Você pode ter muito Champagne, mas nunca terá o suficiente” – Elmes Rice (1892 –1967), dramaturgo americano conhecido por suas peças The Adding Machine (1923) e Street Scene (1929), drama vencedor do Prêmio Pulitzer da vida residencial de Nova York.
“Disseram que dei vexame bebendo Champagne no sapato de Sophia Loren. Não é verdade. Derramei quase metade porque ela se recusava a tirar o maldito pé do sapato” – Groucho Marx (1890 – 1977), americano, ator e comediante célebre como um dos mestres do humor. Seu currículo apresenta treze filmes, uma carreira bem-sucedida na rádio e na televisão, como por exemplo: You Bet Your Life e Tell It To Groucho.
A Festa do Espumante
Fonte: cm-melgaco.pt
A 7ª edição do evento em Melgaço decorrerá entre os dias 26 e 28 de novembro (esta semana), no Largo do Mercado.
O intuito desta festa é valorizar os espumantes e o terroir da casta Alvarinho, os produtores e produtos regionais, bem como os fumeiros, os queijos, mel, doces tradicionais (entre outros).
No espaço da restauração, os visitantes poderão harmonizar os espumantes com as opções tentadoras dos pratos típicos de Melgaço.
Manuel Moreira, sommelier e wine educator da Revista de Vinhos, estará presente para conduzir as provas comentadas e explorar a versatilidade gastronômica dos espumantes de Alvarinho.
Três conceituados chefs de cozinha estarão no espaço do Show Cooking, apresentando propostas culinárias criativas que incluem produtos locais e regionais. Eles querem surpreender, por isso, não perca a programação:
Dia 26/11 às 19:00 – Chef Chakall
Dia 27/11 às 15:30 – Chef Luís Américo
Dia 28/11 às 15:30 – Chef Vitor Matos
O evento terá muita música ao vivo além de vários DJ’s. A entrada é livre, mas atenção aos horários:
Dia 26/11 das 11:00 às 02:00
Dia 27/11 das 12:00 às 02:00
Dia 28/11 das 12:00 às 18:00
O evento é uma organização do Município de Melgaço, produção da EV – Essência do Vinho e apoio da Revista de Vinhos.
Se ainda estiver na dúvida, recomendo ler o artigo que escrevi sobre as atrações culturais e desportivas espalhadas por Monção e Melgaço, além de conhecer a gastronomia típica, como por exemplo, a Foda à Monção.
Então, bora celebrar a vida?
Fontes de texto e imagens: Aspectos do Vinho, Grand Cru, Associação Brasileira de Enologia, Royal College of Physicians, Eniwine, Carpe Mundi .
Todo mundo sabe que hoje, 31 de outubro, é celebrado o Halloween, o Dia das Bruxas (após a leitura, aceito os parabéns nos comentários!). Mas você sabia que sua origem vem de um antigo festival celta chamado Samhain?
O que é Samhain?
A pronúncia da palavra é SOW-EN, e vem do gaélico Samhuin.
Samhain ocorre entre o Equinócio de Outono e o Solstício de Inverno, significando o 'fim do verão', celebrando o fim da colheita e o início da metade mais fria do ano. Também é o início de um ano novo espiritual e é o festival dos mortos, aliás, essa associação com os mortos e a morte representa os ciclos da natureza. Ou seja: semeou, cresceu, colheu e morreu. Esse é o período em que a vegetação morre novamente com as geadas e o clima frio e, com isso, "a morte está no ar".
Para os celtas, desde a antiguidade, é em Samhain que as portas entre os planos físico e espiritual se abrem para que seus ancestrais falecidos se comuniquem com os descendentes na terra. É o momento de encerrar o luto para aqueles que perderam seus entes queridos no ano anterior.
As celebrações
Originário da Europa antiga como um festival do Fogo Celta, atualmente, o Samhain é celebrado em todo o mundo. Entretanto o momento das celebrações
contemporâneas pode variar de acordo com a localização geográfica e a tradição espiritual:
Alguns comemoram ao longo de vários dias e
noites, incluindo uma série de
ritos solitários ou coletivos, por exemplo: cerimônias, festas e reuniões com a família,
amigos e comunidade espiritual.
No hemisfério norte, a partir do pôr do sol de 31 de outubro a 1 de novembro.
Outros realizam no fim de semana mais próximo
da Lua Cheia ou da Lua Nova nesta época.
Alguns pagãos
observam o Samhain um pouco mais tarde, próximo a 6 de novembro, coincidindo com o ponto médio astronômico entre o Equinócio
de Outono e o Solstício de Inverno.
No hemisfério
sul, ocorre no final de abril e início de maio, meio do outono, ao invés do tradicional
tempo europeu durante o feriado.
A relação com o Cristianismo
Com o
crescimento e a disseminação do Cristianismo como religião dominante em
toda a Europa, os líderes da igreja reformularam o Samhain como uma celebração cristã. No século IX, o Papa Gregório declarou que o
Dia de Todos os Santos seria em 1º de novembro e
comemoraria os santos e mártires cristãos. O Dia de Finados em 2 de
novembro seria uma lembrança para todas as almas dos mortos.
Com a ida
dos cristãos espanhóis ao México, os costumes indígenas de homenagear os
mortos se misturaram ao catolicismo romano e deram
origem ao Dia de los Muertos, no início de novembro.
Missa All Hallow
Os pagãos locais já estavam
celebrando aquele dia de qualquer maneira, então fazia sentido usá-lo
como um feriado da igreja. O Dia de Todos os Santos se tornou uma data comemorativa para
homenagear qualquer santo que ainda não tivesse um dia para si.
A missa
que foi celebrada em Todos os Santos foi chamada de Allhallowmas, a
missa de todos aqueles que são santificados. A noite anterior
naturalmente se tornou conhecida como All Hallow's Eve, e eventualmente
se transformou no que chamamos de Halloween.
O Halloween
É celebrado no dia 31 de outubro e a palavra é uma abreviação de All Hallow's Eve. Embora ocorra na mesma época do ano e tenha raízes nas
celebrações do fim da colheita do passado antigo, o Halloween e o
Samhain não são o mesmo, mas são dois feriados que diferem
consideravelmente em foco e prática.
Halloween
continha muitas práticas pagãs tradicionais antes de ser levado para a América no século XIX. Atualmente, tanto na América quanto em
outros lugares, o Halloween é um feriado folclórico secular.
Além disso, a festividade
evoluiu para ser um feriado infantil voltado para a família, bem como
uma ocasião para as pessoas de todas as idades se expressarem criativamente
e se envolverem em brincadeiras através de fantasias, doces ou travessuras, narrativa, encenação,
pegadinhas, visitas assustadoras a lugares e festas.
Doces ou Travessuras?
Durante
algumas celebrações celtas do Samhain, os aldeões se disfarçavam em
trajes feitos de peles de animais para afastar visitantes fantasmas;
mesas com comidas eram preparadas e deixadas para fora para
também afastar os espíritos indesejáveis.
Nos séculos posteriores, as
pessoas começaram a se vestir como fantasmas, demônios e outras
criaturas malévolas, fazendo palhaçadas em troca de comida e bebida.
Esse costume, conhecido como mumming, remonta à Idade Média e é
considerado um antecedente das doçuras ou travessuras.
As
travessuras medievais, com as raízes do Cristianismo: as famílias ricas
recebiam as visitas de pessoas pobres com doces conhecidos como bolos da
alma. Em troca, os visitantes prometiam rezar pelas almas dos
familiares falecidos dos anfitriões. Conhecida
como souling, a prática foi posteriormente adotada por crianças, que
iam de porta em porta pedindo comida, dinheiro e cerveja.
Na
Escócia e na Irlanda, os jovens se fantasiavam e ao baterem à porta das famílias, cantavam uma música ou
recitavam um poema ou contavam uma piada ou faziam algum tipo de
“truque” antes de receberem as 'guloseimas', que normalmente eram
frutas, nozes ou moedas.
Nos Estados Unidos, início do século
XIX, os imigrantes que fugiram da fome da batata irlandesa contribuíram
para popularizar a festividade. Já no início do século XX, as
comunidades europeias reviveram as tradições do souling. A partir de
1920, a festividade caiu na graça dos jovens rebeldes, transformando o
Halloween em vandalismo, agressões físicas e violência durante a Grande
Depressão americana.
Na década de 30 e com a II Guerra
Mundial, houve o racionamento do açúcar e poucos doces para distribuir.
Depois da guerra, as travessuras e gostosuras voltaram com força total
entre as crianças e as empresas de doces viram a
possibilidade de lucrarem muito mais com campanhas publicitárias
totalmente voltadas para o Halloween.
Embora não se saiba exatamente onde e quando a frase
“Trick or Treat" foi inventada, o costume foi firmemente
estabelecido na cultura popular americana em 1951, quando a frase foi inserida nos quadrinhos de Peanuts.
Em 1952, a Disney produziu um desenho animado chamado “Trick or Treat”
com o Pato Donald e seus sobrinhos Huey, Dewey e Louie.
As travessuras de Halloween também
têm uma tradição no Samhain, embora na antiga celebração os truques
fossem normalmente atribuídos às fadas.
A origem irlandesa de Jack O'Lantern
A temporada de Halloween é marcada com abóboras esculpidas com rostos macabros e iluminados por velas.
Conhecida como Jack O'Lantern, ou Jack da Lanterna, essa prática de decoração teve origem na Irlanda. Inicialmente, era feita com nabos e batatas, mas como a abóbora era um produto nativo e abundante na América, logo se tornou parte da festividade de Halloween.
Tal nome veio de um conto popular
irlandês sobre um homem chamado Stingy Jack (traduzido para o português, Mesquinho Jack):
De acordo com a história, Stingy Jack
convidou o Diabo para tomar uma bebida com ele. Stingy Jack não queria pagar, então ele convenceu o Diabo
a se transformar em uma moeda para que Jack pudesse comprar suas
bebidas. Assim que o Diabo fez isso, Jack decidiu guardar o dinheiro no bolso ao lado de uma cruz de prata, impedindo o Diabo
de voltar à sua forma original.
Jack finalmente libertou o Diabo,
sob a condição de que ele não o incomodaria por um ano e que, caso
Jack morresse, ele não reclamaria sua alma. No ano seguinte, Jack
novamente enganou o Diabo para que subisse em uma árvore para colher uma fruta. Enquanto ele estava na árvore, Jack fez um sinal
da cruz na casca da árvore para impedir a descida do Diabo. Ele só desceria se prometesse que não o incomodaria por mais dez anos.
Logo depois, Jack morreu. Segundo a lenda, Deus não permitiria que uma
figura tão desagradável entrasse no céu. O Diabo, chateado com o truque e mantendo sua palavra de não reivindicar sua alma,
não permitiria que Jack fosse para o inferno. O Diabo o enviou para a
noite escura com apenas um carvão em chamas para iluminar o caminho.
Jack colocou o carvão em um nabo esculpido e tem vagado pela Terra desde
então. Os irlandeses começaram a se referir a essa figura
fantasmagórica como 'Jack da Lanterna' ou, simplesmente, 'Jack
O'Lantern'.
Para afastar os espíritos malignos, inclusive Stingy Jack, irlandeses e escoceses faziam suas próprias
versões das lanternas de Jack esculpindo rostos assustadores em nabos ou
batatas e colocando-os nas janelas ou perto de portas.
Os ingleses adotaram as beterrabas grandes. Os imigrantes europeus nos Estados Unidos descobriram que as abóboras eram perfeitas para as tais lanternas de Jack.
O ano novo das bruxas
O pôr do sol no Samhain é o início do Ano
Novo celta. O ano velho passou, a colheita foi feita, gado e ovelhas
foram levados dos campos e as folhas caíram das árvores. A terra
lentamente começa a morrer ao nosso redor.
Este é um bom momento
para pensarmos em se desfazer do velho e nos preparar para o novo em
nossas vidas. Pense nas coisas que você fez nos últimos doze meses. Você
deixou alguma coisa sem solução? Em caso afirmativo, agora é a hora de
encerrar as coisas. As roupas que não usa mais, doe. Jogue fora os papéis que não tem mais importância, abra espaço nas gavetas. Depois de limpar todas as coisas inacabadas de sua
vida, você pode começar a olhar para o próximo ano.
Gastronomia
Não vou falar das incríveis ideias de preparar a festa de Hallowen. Nada de embalagens imitando fantasmas, vassouras ou abóboras. Fui atrás de receitas típicas irlandesas que são preparadas para a celebração de Samhain.
Uma das comidas mais populares servidas com este festival é Barm Brack
ou Barmbrack. Tempos atrás, este seria um pão/bolo com frutas e outros pequenos objetos para ajudar a prever o
próximo ano. Como assim? É isso mesmo. Cada pessoa tinha que escolher a peça com cuidado. Por exemplo:
Achar um anel dentro do pão, significava verdadeiro amor e
casamento;
Um dedal, que a pessoa nunca se casaria;
Um trapo ou pedaço de um tecido qualquer, pobreza;
Uma moeda, riqueza.
Hoje os supermercados vendem o
pão, mas o único charme que poderá encontrar é
apenas o anel.
Tradicionalmente, a comida sazonal teve um grande papel em Samhain, já
que o dia é o final de outubro e início de novembro, então o alimento já tinha sido colhido e guardado, por isso, fartura e abundância na despensa.
No entanto, quando Samhain
eventualmente ficou conhecido como Dia de Todos os Santos, comer carne não era permitido, então a comida tornou-se algo
vegetariano.
Segue algumas sugestões (clique nas imagens para ir diretamente às receitas - estão em inglês):
Boxty - Bolo irlandês de batata redondo e achatado.
Beef and Guinness Pie - Torta de carne com cerveja.
Colcannon - batatas amassadas com repolho, couve galega e cebolinha. Costuma ser servido como acompanhamento.
Soda Bread - O onipresente pão servido de Norte a Sul da Irlanda.
Irish Stew - Ensopado favorito dos irlandeses e confeccionado com cordeiro de nível internacional.
Barmbrack - Pão/bolo com frutas contendo amuletos para prever o futuro de quem os encontra.
Todo mundo pode celebrar o Samhain
Ledo engano quem pensa que só os pagãos podem celebrar Samhain. Há diversas maneiras para isso e são muito simples, espia:
Caminhada pela natureza: faça uma caminhada
meditativa em uma área natural perto de sua casa. Pode ser um parque! Observe e contemple as
cores, aromas, sons e outras sensações da estação. Experimente a si
mesmo como parte do Círculo da Vida e reflita sobre a morte e o
renascimento como uma parte importante da Natureza. Se o local que você
visita permitir, reúna alguns objetos naturais e na volta use-os para
enfeitar sua casa.
Reflexões: reflita sobre você e sua
vida no ano passado. Revise jornais, planejadores, fotografias, blogs e
outras anotações que você criou durante o ano passado. Considere como
você cresceu, suas realizações, desafios, aventuras, viagens e
aprendizados. Meditar. Faça um diário sobre o ano em que foi revisado,
sua meditação e suas reflexões.
Renovar. Selecione uma
área de sua casa ou vida como foco. Examine. Reorganize-o. Libere o que
não é mais necessário. Crie um padrão melhor. Comemore a renovação e a
transformação.
Altar dos ancestrais. reúna fotos, relíquias de família e
outras lembranças de familiares falecidos, amigos e criaturas
companheiras, como animais de estimação. Disponha-as em uma mesa junto
com várias velas votivas. Acenda as velas em sua memória enquanto você
diz seus nomes, expresse seus desejos de boa sorte e agradeça a eles por
fazerem parte de sua vida. Sente-se calmamente e preste atenção ao que
você experiencia. Se quiser, anote todas as mensagens que você receber. Este Altar dos Ancestrais pode ser criado apenas para o Samhain.
Histórias de ancestrais: saiba
sobre a história da família. Entre em contato com parentes
mais velhos e peça-lhes que compartilhem memórias de parentes falecidos. Registre-os de alguma forma e compartilhe o que você aprendeu e
escreveu com outro membro da família ou amigo. Adicione os nomes das
pessoas sobre as quais você aprendeu e deseja homenagear ao Altar de
seus antepassados.
Visita ao cemitério: visite o
túmulo de um ente querido em um cemitério. Lembre-se de memórias e
considere as maneiras pelas quais a pessoa amada continua a viver dentro
de você. Coloque ali uma oferenda, como flores frescas, ervas secas ou
o que tiver vontade.
Em contraste...
Samhain compartilha a antiga prática espiritual de lembrar e prestar
homenagem aos mortos com esses feriados religiosos relacionados ao Cristianismo.
Mesmo que as celebrações possam incluir festas, a
homenagem aos Mortos, que é central para o Samhain, é uma prática
religiosa séria e benevolente, em vez de uma reconstituição alegre e fictícia.
Os
ritos pagãos não envolvem sacrifícios humanos ou de
animais. A maioria dos rituais do Samhain é realizada em particular, e
não em público.
Observação: Escrevi este artigo para a Revista Vitae em outubro
de 2021. Por qualquer motivo, em 2023, a revista já não se encontra mais online,
então, para não perder o conteúdo e manter meu portfólio (salvo em PDF),
postei aqui. Qualquer dúvida, por gentileza, entre em contacto. Boa
leitura!
Foda aonde?
Calma! Muita calma nesta hora, pois não é bem isso que você está pensando! Primeiro de tudo deixem-me explicar que Foda à Monção é uma iguaria culinária típica de Monção, uma vila que faz fronteira com Espanha, localizada em Viana do Castelo, Noroeste de Portugal.
O ingrediente principal deste prato é o cordeiro e a sua preparação demora mais de 24 horas e talvez seja esse o segredo por ter sido considerado uma das 7 Maravilhas à Mesa® de Portugal, em 2018.
Mas que nome é este?
O Cordeiro à Moda de Monção, o Foda à Monção, recebeu este nome devido a uma tradição antiga do povo local. É tão antiga a sua história que não sesabe a data específica.
De acordo com as pesquisas, a história conta que os produtores de gado vendiam os seus animais nas feiras para os moradores da vila que não tinham rebanho. No entanto, alguns desses produtores, por possuírem animais mais magros e de olho nos melhores preços, praticavam uma artimanha que iludia o povo: colocava-se sal na alimentação do gado, obrigando-o a beber muita água e, com isso, aparentava ser um animal bem nutrido, ou seja, gordo, pesado e com barriga grande (de líquido!). No momento em que os compradores descobriam que haviam sido enganados, usavam a seguinte expressão minhota: “Que grande foda!”.
A mesma foi tão popularizada que o prato passou a ser chamado de “foda” na região do Minho. Se você estiver passeando por algumas dessas aldeias ou vilas do distrito, é capaz de ainda escutar a seguinte frase: “Ó Maria, já meteste a foda?”.
Mês do Cordeiro à Moda de Monção
A Câmara Municipal de Monção, em parceria com 24 restaurantes da cidade, decidiu organizar o evento “Mês do Cordeiro à Moda de Monção” com o intuito de evidenciar a tradição e a autenticidade não só da iguaria típica monçanense como também, a cultura e a economia locais.
A edição de 2021 ocorre nos dois últimos fins de semana de outubro: 23 e 24, 30 e 31. Para quem visitar um dos 24 restaurantes parceiros, recebe um Voucher Oferta que consiste em: visita guiada ao Museu Alvarinho, pequeno alguidar (tigela) de barro, Cordeiro à Moda de Monção e Roscas de Monção.
Clique aqui para conhecer os restaurantes que aderiram ao evento e ter direito ao Voucher Oferta.
Como ainda dá tempo de degustar todas as tipicidades monçanenses, segue a programação para o próximo fim de semana:
30/10: 11h00 – Enogastronomia: Cordeiro à Moda de Monção & Vinho Tinto, no Museu Alvarinho. É uma parceria entre Confraria da Foda de Pias e Real Confraria do Vinho Verde tinto.
21h30 – Concerto da Banda Musical da Casa do Povo de Tangil, no Auditório do CTJV. Ingresso: € 2.
31/10: 10h30 – Visitas encenadas a museus: Museu Monção & Memórias, Viagem no Tempo – Rota dos Castros e Museu Alvarinho.
Tanto para a enogastronomia quanto para a visita encenada, é preciso fazer a inscrição com antecedência, pelo telefone, +351 251 649 013, ou e-mail, turismo@cm-monção.pt, porque a capacidade máxima é para 16 pessoas.
Confira o vídeo sobre as peculiaridades de Monção, incluindo a Foda, é claro:
Património espalhado pelos quatros cantos de Monção
Ao todo são 33 freguesias entre área urbana e geográfica do Concelho de Monção. Explorar Monção é entrar em contato com a ancestralidade histórica e a identidade endógena local. Há as muralhas fernandinas com paisagens incríveis, as ruas estreitas dentro da cidade mostram varandas coloridas, a gastronomia típica arranca suspiros dos comensais e a hospitalidade generosa de seus residentes são características pontuais que conquistam os curiosos de plantão.
O seu turismo envolve um património diversificado e que está dividido nas seguintes esferas: Patrimónios Natural, Arqueológico, Etnográfico, Civil, Militar, Arquitetónico e Histórico, e Religioso.
Conhecendo um pouco da cultura local
Aproveite o clima minhoto e descubra tudo o que a região lhe pode oferecer. Seguem algumas dicas culturais:
Centro Interpretativo de Castro de São Caetano: este centro é um espaço com um imenso valor pedagógico para académicos e arqueólogos, pois o Castro de São Caetano foi classificado como monumento nacional em 1926, decreto nº 11454 de 19 de fevereiro, pela sua rica arqueologia, sendo objeto de muitas intervenções investigativas para a sua valorização.
O Castro de São Caetano era uma aldeia da Idade do Ferro, com habitações circulares e sub retangulares, cerâmicas indígenas e romana, além de materiais cerâmicos de construção originalmente romanos. Tudo isso mais o espólio cadastrado comprova a importância do local entre os séculos I a. C. e II d. C..
Para visitar, é necessária marcação prévia por telefone, +351 251 653 215, ou e-mail, dec@cm-moncao.pt.
Torre de Lapela: é conhecida como “a melhor varanda do Rio Minho”, pois a sua incrível vista abrange o rio, a margem galega e o casario tradicional de Lapela. A história não diz precisamente a data de fundação do Castelo de Lapela, contudo conta que D. Afonso Henriques o construiu após o Recontro de Valdevez, mantendo-se como baluarte da nacionalidade portuguesa até às Guerras da Independência. A Torre, de grande importância militar no decorrer da Baixa Idade Média, parece ter sido construída durante as guerras com Castela no reinado de D. Fernando.
A Torre possui 35 metros de altura, 22 metros de largura e 3 metros de espessura nas paredes. Totalmente construída de pedras cúbicas e impecavelmente unidas, pois em suas junções não há evidências de cimento.
Após as Guerras da Restauração da Independência, sob ordens de D. João V, boa parte do Castelo foi demolido para que a fortaleza de Monção fosse recomposta com essas pedras.
Museu Etnográfico de Longos Vales: apresenta ao público a herança cultural e etnográfica coletiva, os costumes, os antigos ofícios através de um acervo que abrange a ruralidade da Freguesia de Longos Vales, como por exemplo: utensílios de campo, cozinha e instrumentos relacionados ao linho, os carros de bois, potes do alambique, pipas de vinhos, malhadoras e debulhadoras de alimentos, entre outros.
Visita por marcação prévia por telefone: +351 969 073 141.
Casa Museu de Monção: unidade cultural da Universidade do Minho. Dona Maria Teresa Cardeal Andrade Martins Salgueiro (Ufa, que nome comprido!), deixou em testamento, em 1992, uma parte de sua fortuna à Universidade na condição de criar um espaço cultural na sua casa de Monção – seu intuito era valorizar e promover a cultura museológica, etnográfica e sociológica. Tanto no seu interior quanto o imóvel em si, expressa os costumes e os hábitos de uma família que fazia parte da alta burguesia na primeira metade do século XX.
O imóvel foi construído na segunda metade do século XVIII e o seu jardim, que rodeia a casa, possui uma fonte em Art Nouveau (estilo artístico francês que foi propagado por toda a Europa entre 1890 e 1910).
Entre tantos objetos interessantes expostos no interior da casa, há uma coleção de, mais ou menos, 5.000 garrafas de vinho do Porto de 1926. Tudo indica que esta coleção pertencia ao pai de Dona Maria Teresa que, além de médico, era entendedor da vitivinicultura, pois havia uma extensa vinha onde atualmente estão localizados os jardins. Parece que o marido de Dona Maria Teresa não se interessava pela atividade como o sogro e por isso não manteve a vinha, uma vez que seus hobbies eram a caça, a pesca e a fotografia.
Além de tudo isto, há ainda a cultura histórica e turística em volta da casta Alvarinho: é uma das mais antigas do Noroeste Peninsular, onde as primeiras foram identificadas na Galiza em videiras com mais de 300 anos. No Tratado da Agricultura dos Vinhos, pertencente ao século XIX, Visconde de Vilarinho de São Romão descreve as impressões prévias sobre a casta: “Alvarinho: dá muito, avinha bem e quer terrenos fortes”.
Após a demarcação das regiões produtoras de vinho, os vinhos de Monção receberam imensa valorização por estarem localizados na Região dos Vinhos Verdes, e o conceito de não serem bons caiu por terra quando os resultados da sua produção de vinho branco surpreenderam.
Museu Alvarinho: fomenta o conhecimento da cultura vitivinícola e o património desenvolvido em Monção de maneira ecológica e sustentável. A exposição apresentada no museu expressa unicidade da sub-região de Monção e Melgaço para a produção de vinho Alvarinho, bem como classificá-lo como um produto gastronómico de altíssima qualidade.
Outro intuito do museu é valorizar as competências etnográficas, além das tradições e saberes dos antepassados que muito contribuíram para o desenvolvimento de Monção, protegendo o patrimônio, identidade e pertença locais.
O horário de funcionamento é das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00. Telefone: +351 251 649 009.
Eventos para difundir a casta e conquistar novos apreciadores:
Feira do Alvarinho: considerada a maior Wine Party de Portugal e que costuma ser realizada no primeiro fim de semana de julho.
Alvarinho Wine Fest: realizado em Lisboa para promover o vinho entre os lisboetas e a região sul do país.
Monção e Melgaço The White Experience: celebração de excelentes vinhos brancos portugueses, franceses, alemães, espanhóis e austríacos. Os produtores de Monção e Melgaço são os anfitriões.
Assim como todas as regiões produtoras de vinho, é possível fazer enoturismo na região. Para saber mais sobre as Adegas, Quintas e Cooperativas, acesse aqui.
Gosta de adrenalina?
Antes de finalizar o artigo, esta dica vai para os amantes radicais da natureza, os que gostam de desporto e aventura. A região de Monção e Melgaço possui boas opções para quem quer aproveitar a natureza ao extremo, por exemplo: atividades aquáticas e de cordas; caminhadas de montanha; canoagem; passeios pedestres e de buggy, paintball, e ainda se pode escolher os níveis de dificuldade (fácil, média ou difícil). As empresas especializadas oferecem pacotes incluindo alojamento + atividades. Eu cito 4 atividades, mas há muito mais na região. Dê uma olhadela:
Arvorismo-slide: o circuito de arvorismo fica a consideráveis metros de altura do solo, com diversas pontes suspensas. Destreza, equilíbrio, agilidade e superar o medo são alguns desafios que o participante enfrenta. O circuito termina com intensas emoções na descida de slide.
Rafting: descer rios ou rápidos com botes insufláveis. É uma incógnita porque não dá para saber como será o percurso, pois a água é quem manda no nível de emoção, ou seja, “transpor rápidos, remoinhos, ondas num barco insuflável é o grande objectivo da actividade”! Tudo com equipamento de segurança e uma pessoa responsável pela condução e orientação do grupo no decorrer do circuito.
Canoagem: além de ser uma caminhada pelo rio ultrapassando os obstáculos da natureza ao longo do percurso, será possível nadar em piscinas naturais, saltar para lagoas cercadas de imensos penhascos e fazer rapel, com toda a segurança e na presença de um instrutor, obviamente, para concluir o percurso.
Paintball: desporto de combate, que pode ser jogado individualmente ou em equipas. A arma é de ar comprimido que atira bolas com tintas coloridas. O objetivo é acertar na equipa adversária para conseguir chegar ao destino final.
Aqui você encontra as empresas que fazem todas essas actividades e para todas as idades.
Enfim… como chegar, onde ficar, comer e beber?
Há muito para explorar, conhecer, beber, comer e se divertir em Monção. Um final de semana respirando outros ares, absorvendo novas culturas e recarregando as baterias pode ser extremamente inesquecível. São muitas opções culturais além do evento da Foda à Monção.
Aqui estão algumas informações sobre localização, e alternativas de hospedagem e restauração. É só escolher e boa imersão!! (Ó, sem querer, rimou!).
Fontes: Casa Museu de Monção; Torre de Lapela; Monção; Melgaço White Water.
Observação: Escrevi este artigo para a Revista Vitae em outubro
de 2021. Por qualquer motivo, em 2023, a revista já não se encontra mais online,
então, para não perder o conteúdo e manter meu portfólio (salvo em PDF),
postei aqui. Qualquer dúvida, por gentileza, entre em contacto. Boa
leitura!
Está chegando o Arrebita Portugal - a festa da gastronomia local.
O que é?
É um festival gastronômico que impulsiona o
turismo nacional, a fim de encorajar a economia e o comércio locais com o
intuito de fomentar, expandir e movimentar a cultura das aldeias e cidades. Ou
seja, a missão do evento é readaptar as pessoas, o comércio e a cultura gastronômica
em um momento que todos ainda estão impactados pela pandemia e as consequências
por ela acarretadas a nível social e econômico.
Como funciona?
Essa é a parte mais interessante porque é
um festival itinerante que percorre diversas regiões e cidades portuguesas. O
evento fica espalhado por vários pontos da cidade e faz com que as pessoas
tenham que se movimentar pelas lojas, ruas, centros históricos, etc.
São mais de treze horas de festival em que
é possível degustar pratos deliciosos, confeccionados com os melhores produtos
locais e elaborados por diversos chefs renomados. Sabe o melhor disso tudo? A
entrada é totalmente gratuita e os valores dos pratos são superacessíveis!
O primeiro evento ocorreu em Portimão em
agosto de 2020 e contou com 15 chefs cozinhando por toda a cidade e até dentro
de lojas históricas!
Não pode perder: o próximo já é nesse fim
de semana!
A programação do Arrebita Idanha Bio –
Gastronomia Local Sustentável está com data, local e horário programados, em
duas localizações diferentes:
2/10 em Idanha-a-Velha, das 12h
às 21h;
3/10 em Penha Garcia, das 12h
às 18h.
Serão 25 chefs nacionais preparando pratos nos
moinhos, ruas e ruínas e no valor de 6 €. O mais
top é que em 2020, o Arrebita Idanha Bio recebeu o Grande Prêmio da Academia
Portuguesa de Gastronomia por ter sido o primeiro evento biológico e
sustentável da gastronomia nacional! Por isso, na edição desse ano, em
Idanha-a-Velha, há a possibilidade de conhecer o Mercado de Produtores da
região, além de degustar as delícias gastronômicas.
O evento está totalmente em conformidade
com as normas de segurança da DGS.
Além do festival gastronômico...
Idanha-a-Velha é uma aldeia histórica que
no período visigótico, século I antes Cristo, chamava-se Egitânia. Está situada
no distrito de Castelo Branco, município de Idanha-a-Nova, e faz parte das doze
aldeias históricas de Portugal. D. Afonso Henriques entregou a aldeia aos
Templários e esta foi inserida na Ordem de Cristo por D. Dinis, por isso quando
você for à Idanha-a-Velha, verá a Torre dos Templários; passará pela Porta
Norte (e a Porta Sul); encontrará as ruinas da Igreja de Santa Maria, a Igreja
Matriz e conhecerá a Casa Grande ou Solar da Família de Marrocos;
Penha Garcia é uma freguesia de
Idanha-a-Nova e seu início foi durante o reinado de D. Sancho I porque sua
localização era ótima para proteger a fronteira portuguesa das invasões
espanholas. O pelourinho, além de ser um marco importante para a região era o
local em que os “foras da lei” eram torturados ou executados, era onde se fazia
justiça. Além disso, há para conhecer o Castelo de Penha Garcia; a Igreja Nossa
Senhora da Conceição; Capelas de São Sebastião, São Lourenço e Espírito Santo; e
a Rota dos Fósseis onde os Icnofósseis datam mais de 500 milhões de anos de
história. Icnofósseis são marcas ou desenhos que foram gravados nas rochas pela
movimentação de seres marinhos, que habitaram a região na era Paleozoica.
Arrebita Portugal é uma iniciativa criada
pela agência de comunicação Amouse Bouche que promove eventos gastronômicos
portugueses. Para saber mais informações sobre o festival gastronômico, clique aqui.
(Escrevi este artigo para a Revista Vitae em outubro de 2021. Por qualquer motivo, em 2023, a revista já não encontra-se mais online, então, para não perder o conteúdo, postei aqui).
Além de escrever para o Magic Gourmet, produz conteúdo para o Aspectos do Vinho. Já foi colunista do site Já Fez As Malas? e Revista Vitae.
Formada em: Artes Plásticas, licenciatura plena em Educação Artística - Faap. Hotel Management em Melbourne - Austrália. Docência para Curso Superior - Unip. Sommelier Profissional - ABS. Doutoranda em Ciências da Comunicação - UMinho e Mestra em Ciências da Cultura - Utad.
Intenção: Jornalismo gastronômico e cultural.