De Nápoles para o mundo: 10 de julho celebre o Dia Mundial da Pizza.
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Claro que um prato que é tão famoso, e um dos mais bem apreciados no mundo inteiro quanto o hambúrguer, também tinha que ter o seu dia mundial, não é mesmo? Mas você sabe sobre a história da pizza e o porquê de ser comemorado no dia 10 julho? Então, eu te conto tudo, tim tim por tim tim!
Origem da pizza
Vários autores explicam a origem da pizza em períodos diferentes antes dela chegar à cozinha italiana. Então, ao contrário do que todo mundo pensa, a pizza não foi inventada na Itália, mas foram os italianos que aprimoraram o prato, criando mais variações para ele desde a Idade da Pedra.
Segundo o livro The Pizza Book: Everything There is to Know About the World's Greatest Pie, Evelyn Slomon conta que o património culinário italiano é uma absorção de outras culturas e de adaptação intrínsecos aos seus próprios gostos, intensamente regionais. Duas culturas influenciaram fortemente a pizza italiana, a qual evoluiu a partir dos conceitos básicos culinários iniciados pelos etruscos no norte e os gregos no sul.
"Senta que lá vem a história..."
Etruscos
A invenção dos primeiros tipos de pizza ocorreu no período neolítico, quando as tribos recolhiam grãos selvagens para fazer uma massa rústica e colocavam para cozinhar nas pedras quentes das fogueiras. Essa massa era recheada e comida (parecida com a tortilha mexicana, a qual também teve origem no mesmo período)
Por volta do ano 1000 a.C., os etruscos levaram para o norte e centro da Itália o estilo mais antigo das duas culturas, proveniente da zona do Levante, na Ásia Menor. Eles fizeram algumas alterações no preparo ou no método, mantendo a massa rústica sob as pedras da fogueira. Após cozida, era temperada com uma variedade de coberturas diferentes e, substituindo o prato, essa massa absorvia caldos ou molhos.
Eles também consumiam o pulmentum, um tipo de mingau espesso de milho, o que chamamos polenta, e que também foi absorvido da cultura etrusca, pois esse tipo de alimento sustentou todo o exército romano. Enquanto eles cozinhavam o pulmentum sobre às pedras, eles preparavam a massa nas cinzas do fogo. Depois de pronto, temperavam com azeite e ervas, servindo de acompanhamento para o mingau ou para carne.
E olha que interessante: esta massa com azeite ervas foi o princípio de um dos pães mais famosos da Itália, a focaccia (do latim panus focus, que quer dizer: pão de chão de lareira). Os italianos levaram a focaccia e a massa achatada para todas as regiões da Itália e todas as terras que conquistaram.
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Gregos
Séculos depois, o segundo conceito foi absorvido a partir da colonização dos gregos na parte sul de Itália, entre 730 a.C. e 130 a.C. Segundo a autora, os gregos foram os maiores padeiros da antiguidade. Eles aprenderam os princípios da panificação com os egípcios (que descobriram o método de fermentar a massa por meio de leveduras) e aprimoraram as receitas: os métodos de refinação de diferentes farinhas e a tecnologia de cozedura, que incluía a utilização de fornos e moldes especiais para pães, eram os mais avançados do mundo antigo. Os pães gregos, aromatizados com sementes, óleos, ervas, especiarias, vinho, mel e ovos, apresentavam-se em todas as formas e tamanhos.
Eles também iniciaram a ideia de utilizar a massa achatada e redonda como um prato comestível para uma refeição. Eles não aromatizavam e nem cobriam a massa após cozida: ainda crua, diretamente sobre a massa era colocada a cobertura, como óleos, cebolas, alho, ervas, azeitonas, legumes e queijo, por cima. Deixava-se uma borda à volta da massa para servir de pega e depois levavam para cozer no fogo. Assim ela se tornava o prato principal.
Italianos
Os italianos adaptaram os dois conceitos para a criação de uma variedade de receitas baseadas na culinária etrusca e grega. Como resultado, hoje em toda a Itália, há centenas de estilos de pizza e as suas variações dependem de cada região. Por isso que, para a maioria das pessoas, a pizza foi "inventada" pelos italianos.
O nome "pizza" provém do adjetivo latino picea (peechia), que designava a camada negra de cinzas que se encontrava por baixo da massa, devido à combustão das cinzas.
Pizza de Nápoles
Tomate: amor à primeira mordida
Historicamente empobrecidos, tiraram o máximo proveito do pouco que tinham. O recheio que usavam sobre a massa era o que tinha disponível, ou seja, queijo, ervas, vegetais, peixes e pouca carne. O tomate só foi introduzido após 200 anos do fruto ter chegado do Novo Mundo no século XVI. Eles acreditavam que o tomate era venenoso e foi cultivado em jardins como ornamento.
No século XVIII, os italianos encheram-se de coragem e comeram as primeiras variedades de tomate amarelo (chamado maçã dourada) que crescia abundantemente na região. Após a primeira mordida no fruto proibido, a Itália apaixonou-se
perdidamente, e as variedades de pizza à base de tomate
começaram a fazer a sua estreia no repertório napolitano. O tomate
rapidamente se tornou o principal componente do recheio das pizzas.
Voce sabia que a pizza marguerita é pizza napolitana?
A Rainha Margherita, esposa de Umberto I, visitou Nápoles em 1889. O chef Raffaele Esposito criou uma pizza especialmente para a rainha, com tomate, mozzarella e
manjericão em homenagem à bandeira italiana, vermelho, branco e verde. Ela gostou tanto da combinação dos sabores que o chef batizou a pizza com o nome da monarca, nascendo, assim, a pizza Marguerita.
A diferença entre a Napolitana e a Marguerita está, entre outros detalhes, no preparo da massa. Aliás, a pizza napolitana vai além de um simples prato nacional, chega a ser uma instituição! No início da década de 80, uma associação local, Associazione Vera Pizza Napoletana (AVPN), foi criada para que o prato fosse reconhecido mundialmente, com certificação, preservação da tradição original da cidade e tudo o que tem direito.
Em 2013, o prato foi reconhecido como Patromônio Imaterial da UNESCO. Aliás, a AVPN determina regras ao que concerne o tamanho, grau e qualidade dos ingredientes e do preparo. Saiba que na Itália não existe pizza Napolitana e pizza Marguerita, porque a pizza que leva o nome da rainha é napolitana, de Nápoles, e com os mesmos ingredientes.
Calzone
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Conhecida como calzone ou pizza dobrada, este prato assado e frito é parte da tradição napolitana. Pode ser recheada com qualquer ingrediente. A palavra calzone significa "perna das calças" em italiano. A pizza recebeu esse nome porque se assemelhava a uma perna das calças largas usadas pelos homens napolitanos nos séculos XVIII e XIX.
Essa variedade apresenta vários formatos em diversas regiões italianas. Em Nápoles, são massas retangulares enroladas em torno do recheio, como salsichas, pedaços de fiambre (presunto) e queijo, no formato de uma perna.
Noutras regiões, é apresentada em formato de meia-lua, conhecida como mezzaluna e, em Abruzzi, é conhecida por fia- done. O panzerotti, é um mini calzone (como se fosse um pastel pequeno) e ideal para petiscar acompanhado da bebida da sua preferência.
De Nápoles para o mundo
Nápoles era uma cidade movimentada e populosa, com muitos trabalhadores e pessoas de baixa renda. Nessa época, os habitantes de Nápoles costumavam consumir uma massa achatada coberta com ingredientes baratos, como azeite, alho e queijo. Essa comida era fácil de preparar, rápida e acessível, tornando-se uma opção popular entre a população.
No início, a pizza era vendida por ambulantes, conhecidos como "pizzaiolos", que a assavam em fornos de pedra nas ruas. Com o tempo, a popularidade da pizza cresceu e surgiram as primeiras pizzarias. A mais antiga pizzaria registrada é a "Antica Pizzeria Port'Alba", fundada em 1738, onde? Em Nápoles, claro!! Era mais confortável comer em pizzarias do que comprá-las nas ruas.
Fonte: Google / Antica Pizzeria Port'Alba |
Evelyn Slomon completa que a pizzaria napolitana tradicional do século XIX, era um local sem frescura. A arte do pizzaiolo era muito admirada e cada pizzaria tinha um público fiel. A pizza era feita em fornos a lenha e os clientes sentavam-se em mesas simples com tampo de mármore. Quando a pizza estava pronta, era comida com as mãos. A ideia era comê-la tão quente quanto a boca aguentasse e regá-la com bastante vinho local robusto.
Por falar nisso, escrevi o artigo Pizza com Vinho: 4 Dicas de Harmonização lá no Aspectos do Vinho.
A partir do final do século XIX, a pizza começou a se espalhar para além das fronteiras de Nápoles. Com a imigração italiana para vários países, principalmente para os Estados Unidos no início do século XX, a pizza ganhou popularidade em cidades como Nova York e Chicago, onde os imigrantes italianos abriram suas próprias pizzarias e adaptaram a receita para os paladares locais.
Desde então, a pizza se tornou uma comida internacionalmente apreciada, com inúmeras variações e estilos em todo o mundo. É um prato versátil que pode ser adaptado a diferentes culturas e preferências culinárias, mas a sua transformação está profundamente enraizada na cidade de Nápoles, na Itália.
10 de julho: Dia Mundial da Pizza
Fonte: nit.pt / Dia Mundial da Pizza |
Também na década de 80, em Nápoles, o dia 10 de julho se tornou o Dia Mundial da Pizza devido a iniciativa de uma associação de pizzaiolos. Para além de honrar a tradição da pizza napolitana, que é considerada uma das mais autênticas e populares do mundo, reza a lenda que a data foi escolhida em referência à visita da rainha Margherita a Nápoles em 10 de julho de 1889, quando a lendária pizza margherita foi criada em sua homenagem.
O Dia Mundial da Pizza começou a ser comemorado em Nápoles e se espalhou pelo mundo. A data é celebrada em muitos países, onde as pessoas aproveitam para saborear pizzas de diferentes estilos e compartilhar sua paixão por esse prato tão amado.
Parabéns, Sra. Pizza!